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Foto do escritorLeo Massoni

Praia, sexo e polêmicas

Praia, sexo e polêmicas


Embora possa ser achado entre os clássicos contemporâneos da Associação Internacional de Bartenders, a IBA (https://iba-world.com/cocktails/sex-on-the-beach/), ao lado de drinks como o Mint Julep e o Moscow Mule, você já deve ter notado que o Sex on the Beach não é comum nas cartas dos bares de coquetelaria badalados da cidade.


Ele pode até ser o queridinho fora desse eixo, principalmente em cidades menores, com menos ligação com as tendências internacionais de consumo, mas entre os bares que trabalham com a vanguarda da coquetelaria ele é encarado como um tabú.


Muitas histórias sugerem diversas origens para a bebida o que torna difícil especificar uma data, dar os créditos a alguém pela receita ou, ainda, estabelecer qual receita veio primeiro.Sendo assim prefiro ficar com o momento em que a mistura nasceu e no o impacto que esse momento teve em sua disseminação.


Tenha sido pelas mãos inventivas dos bartender’s do TGI friday’s ou saído da cabeça de um dos bartender do Confetti’s Bar, na Florida, é certo que houve inspiração na chegada do Schnapps de Pêssego aos Estados Unidos - por volta de 1987– e que o boom da produção industrial no mercado de xaropes e licores artificiais dos anos 90 foi o responsável pela popularização do coquetel e suas variações.


Era um momento delicado para o mundo de bebidas, pois a lei seca americana, que acabara em 1933, tinha causado uma demanda gigante no consumo de bebidas envelhecidas, como os whikeys, levando o item a escassez. A venda dos destilados não envelhecidos, antes rejeitados pelos bebedores, foi uma solução momentânea que ganhou força com as alternativas doces e baratas que pipocavam nas prateleiras dos supermercados e mascaravam aquele sabor insosso. Frutos dessa geração são as misturas cheias de cor e sabor adocicado, como o Apple Martini, Lichie Martini e o próprio Sex on The Beach.


Os bartenders, antes estudiosos da misturas e do paladar, passaram a ser preguiçosos misturadores de sucos de caixinha, purês de latinha e licores com sabores que, muitas vezes, nem chegavam perto dos do ingrediente propaganda. Essa época ficou conhecida por nós como “a era negra da coquetelaria”.


Mas Leo, o que eu, que bebo meu Sex on the beach gostosinho, tenho a ver com isso? De verdade, nada! Não é pecado nenhum gostar dos sabores que a bebida propõe e nem dá cadeia, fique tranquilo. Diferente dos bartenders que crucificam os bebedores com a preferencia pelo doce, eu não tenho medo de explorar as nuances desse gosto. Mas deixo o alerta, uma das funções do dulçor é se sobrepor aos outros gostos. O problema está no exagero.


Meu outro ponto sobre a bebida é o uso constante de produtos artificiais na sua composição. Exemplo disso é o oxicoco (arando ou, como é mais conhecido, cranberry), difícil de ser encontrado “in natura” até nos dias atuais. Isso nos leva a buscar a alternativa industrial – que tem uma perda gigante do sabor da fruta graças aos conservantes – quando não nos vemos obrigados a soluções ainda mais artificiais como sua substituição por grenadine (xarope de romã) ou, em casos extremos, groselha.


Como o ponto G em beber e comer é a soma do equilíbrio de sabores e o destaque de cada ingrediente, se começarmos a bebida usando ingredientes que perdem sabor ou que desequilibram o gosto já damos o pontapé inicial fazendo gol contra.


Por isso, se quer resgatar essa pérola dos anos 90 é bom pensar em uma atualização. Dê vida a receita usando ingredientes frescos e experimente novas medidas para equilibrar o dulçor dos ingredientes e dar a eles seu devido destaque.


Usar a imaginação tá liberado Leo? Claro! Mas não se esqueça que o equilíbrio está no simples, não no exagero – é isso que quer dizer “menos é mais”.


Sex on The Beach (receita segundo a IBA)


40mls de Vodka

20mls de Schnapps de Pêssego

40mls de Suco fresco de Laranja

40mls de Suco de Cranberry


Preencha um copo longo com muito gelo e dose ingrediente após ingrediente da receita já dentro do copo. A sequencia de serviço cria um efeito visual de camadas que lembram o por do sol em uma praia e fazem com que a bebida tenha dulçor diferente a cada gole. Mas essa divisão em camadas não é regra e, particularmente, eu prefiro o sabor da bebida já toda uniforme. Decore com uma fatia em meia lua de laranja.


Fun on The Beach #2 (minha receita)


40mls de Vodka infusionada com cascas de laranja bahia

15mls de Schnapps de Pêssego

20mls de suco de Laranja Bahia

40mls de Espuma azedinha de Cranberry


A vodka repousa 24horas com cascas de laranja mergulhadas nela. Depois batemos ela, o Schnapps de Pêssego e suco de laranja bahia em uma coqueteleira (um shaker para vitaminas ou dois copos que não quebrem e se encaixem) repleta de gelo. Depois coamos através de uma peneira fina (dessas de chá), para um copo baixo previamente resfriado e com, se possível, uma enorme e única pedra de gelo. Pra finalizar cobrimos a superfície da bebida com a espuma.


A receita da espuma? É segredo! Mas eu te conto se você vier experimentar essa minha versão aqui no SPOT Urbano. A bebida fica disponível, durante uma semana a partir da postagem desse artigo.


Você vem, não vem?

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